21/08/2011 6:00 (Jornal Correio)
Projeto De Mala e Cuia explora a história de Uberlândia
Não é raro a Redação do CORREIO de Uberlândia receber ligações de pais e alunos do ensino fundamental com alguma pergunta sobre a fundação de Uberlândia. No mês de aniversário da cidade, um projeto pode ajudar esses pais e alunos. Fotos antigas, brinquedos de décadas passadas e utensílios para o lar, como o telefone e a candeia (lâmpada a óleo de mamona usada anos atrás), vêm contando a história de Uberlândia de um jeito diferente nas instituições de ensino da cidade e da região por meio do projeto De Mala e Cuia, do Museu Municipal. A ideia é levar objetos antigos doados e do acervo do Museu em uma mala, para que os alunos tenham contato com o passado e para que aprendam como lidar com o patrimônio histórico.
O trabalho teve a sua primeira atividade realizada na cidade em 2007. Mas a inspiração surgiu quando alguns educadores do Museu foram até o Rio de Janeiro e conheceram um projeto semelhante. Aqui uma nova roupagem foi dada e as cantigas, poemas e afins, que carregavam a mala carioca, foram substituídos por uma cultura palpável.
Interação
A atual administradora do Museu Municipal de Uberlândia, Thaïs Tormin, já lecionou História e afirma que o projeto De Mala e Cuia promove a interação dos alunos com os objetos que remetem ao passado. “Ele vai tocar o objeto e estar próximo dele. A proximidade com o objeto traz a proximidade com a história.” Ela disse ainda que as embalagens criadas para proteger os artefatos já servem de lição para as crianças, pois elas incitam a “educação patrimonial” de respeito e preservação. Além disso, a noção de evolução faz parte dos propósitos. “É também relação entre passado, presente e futuro. Tem que despertar neles [alunos] o processo que levou à evolução dos objetos e ainda propor criar um novo.”
Segundo Thaïs Tormin, algumas mudanças tiveram de acontecer para aprimorar o projeto. “Antes, os professores buscavam a mala. Agora, além de termos duas malas, uma com 20 e outra com 16 peças, elas vão até as escolas e lá o professor recebe orientações de alguém do Museu.” Quem repassa as informações referidas pela administradora é a técnica em conservação e restauração Marília de Paula Freire. De acordo com ela, o modo como era realizado o De Mala e Cuia não favorecia seu crescimento, e a mudança trouxe resultados. Na primeira visita da técnica à Escola Municipal Amanda Carneiro, os professores ficaram empolgados, até mesmo os de outras séries, já que o projeto se destina ao 4º ano do ensino fundamental.
Peças antigas podem ser recuperadas
A preocupação com a segurança das crianças caminha na mesma via da preservação dos objetos do De Mala e Cuia. Um dos cuidados da equipe à frente do projeto é levar objetos que não machuquem as crianças. Outro ponto é a resistência, na mala não vai nada que quebre e os objetos mais antigos são protegidos. Caso algum acidente aconteça, essas peças podem ser recuperadas ou substituídas por semelhantes.
Documentação servirá para museu
Os frutos do projeto De Mala e Cuia em Uberlândia, segundo Thaïs Tormin e Marília de Paula Freire, serão documentados. O processo faz parte da política do Museu Municipal, mas ele não será o único beneficiado. Os trabalhos desenvolvidos pelos alunos, como jogos, desenhos e redações, servirão para dar continuidade ao projeto. “Para nós, é importante que seja documentado, é uma pesquisa de campo. Dá para saber como eles veem a cidade”, afirmou Marília de Paula. No que se refere a uma outra etapa, Thaïs Tormin afirma que os alunos participantes no próximo ano poderão ter acesso ao que foi produzido neste e, assim, auxiliar no trabalho desenvolvido.
De Mala e Cuia
Público
Qualquer instituição de ensino pode solicitar a mala, mas o público-alvo, que tem prioridade na agenda, são os alunos do 4º ano do ensino fundamental.
Período
A mala fica por dez dias em cada instituição.
Como funciona?
A instituição de ensino deve conhecer o projeto e solicitar a mala.
Depois de assinar o termo de compromisso, as instituições recebem a mala, acompanhada por um profissional do museu.
O profissional orienta os professores sobre as possíveis atividades a serem desenvolvidas em dez dias.
Na sala de aula, os professores trabalham com as crianças.
Os alunos desenvolvem trabalhos que dão continuidade ao projeto
Os professores documentam os resultados e repassam para o Museu Municipal.
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